Observatório da Jihad


18.8.06

A Primeira Internacional do Ódio

O escritor egípcio Magdi Allam considera que estamos perante "uma rede de contrapoder globalizado, que conjuga o fanatismo religioso islâmico com o ódio ideológico comunista em relação à América e Israel".

Gostaria de partilhar com os leitores do PÚBLICO algumas reflexões sobre o Médio Oriente e a Primeira Internacional do Ódio, publicadas no diário italiano Corriere della Sera (21-7-2006). O autor, Magdi Allam, é jornalista e escritor egípcio nascido numa família muçulmana que, há já vários anos, denuncia a estratégia islâmica de conquista do Ocidente pelo terror e invasão silenciosa. Ameaçado de morte pelos fundamentalistas muçulmanos, vive hoje em Itália sob protecção policial.
Escreveu ele que "a guerra no Médio Oriente está a caminho de consagrar o nascimento de uma "frente internacional anti-imperialista", formada por grupos terroristas e por Estados islâmicos, assim como por países da América do Sul, da Europa e da Ásia que se inspiram na ideologia comunista. A imagem emblemática, e recente, é a do Presidente Chávez, que, ao abraçar o iraniano Ahmadinejad no aeroporto de Teerão, a 29 de Julho, comparou Israel a Hitler, afirmando que "os judeus fazem a mesma coisa com os libaneses". " Na sua resposta a Ahmadinejad, que o apresentou como "nosso irmão combatente", Chávez formula uma promessa solene: "Em qualquer circunstância, estaremos ao lado da nação iraniana. A história demonstrou que quanto mais unidos estivermos, melhor poderemos resistir e combater o imperialismo."
Magdi Allam considera que se completa assim o quadro de "uma rede de contrapoder globalizado, que conjuga o fanatismo religioso islâmico com o ódio ideológico comunista em relação à América e Israel". Para ele, numa primeira etapa, houve a ligação entre o movimento terrorista sunita Hamas e o movimento terrorista xiita Hezbollah, união que se realizou após o atentado de 12 de Julho último, no curso do qual oito soldados israelitas foram mortos e dois sequestrados, ataque que provocou a extensão da guerra ao Líbano. "Numa segunda etapa – prossegue – vimos o apoio imediato manifestado pela Síria e Irão, que veio confirmar o papel de patrocinadores do terror praticado pelo Hamas e Hezbollah e que tornaram clara a relação existente entre os apresentadores e as marionetas." Depois entrou em cena a Al-Qaeda, por meio do discurso de Ayman Al Zawahiri divulgado a 27 de Julho, onde apelava "aos muçulmanos do mundo inteiro, a fim de combaterem e de se tornarem mártires na guerra contra os sionistas e os cruzados", anunciando: "Nós não podemos ver a chuva de mísseis que caem sobre os irmãos muçulmanos de Gaza e no Líbano e permanecer em silêncio." "Tudo isto marcou o começo da aliança entre o terrorismo islâmico globalizado da Al-Qaeda, o terrorismo autóctone palestiniano e libanês e a estratégia de terror do Irão e da Síria", conclui.
O quarto acto, segundo Magdi Allam, é a formação de uma frente internacional unida pela ideologia do ódio e da guerra em relação a Israel e aos Estados Unidos. "Nesta frente participam três chefes de Estado sul-americanos: o venezuelano Chávez, o cubano Fidel e o boliviano Evo Morales que criaram o pacto Alba (Alternativa Bolivariana pelas Américas)". Ao receber Chávez e Castro em La Paz, Morales declarou: "Estamos aqui para participar na luta contra o neoliberalismo e o imperialismo, este milénio será do povo e não do império." Ao que Chávez respondeu: "O eixo do mal é representado por Washington e pelos seus aliados que ameaçam e matam. Quanto a nós, estamos a construir o eixo do bem, o eixo do novo século."
A ida de Chávez em Minsk permitiu que a este eixo se juntasse igualmente o ditador bielorrusso Alexander Lukaschenko, que, depois de o ter recebido, fez o elogio de Hitler: "A ordem alemã desenvolveu-se ao longo dos séculos, mas, sob Hitler, atingiu o seu apogeu e é assim que interpreto a República presidencial e o papel de líder." E claro que a frente internacional anti-imperialista inclui necessariamente o ditador norte-coreano King Jong-Il.
Magdi Allam mostra-se nesse artigo preocupado com "o papel ambíguo da Rússia de Putin, que recentemente vendeu armas no valor de mil milhões de dólares a Chávez, fornece tecnologia ao programa nuclear iraniano e protege o regime sírio". Por isso quer saber de que lado está a União Europeia, pois considera que chegou o momento da opção crucial, "uma vez que a UE não poderá estabelecer uma inimaginável política de equidistância ou de "equiproximidade" entre esta nova central do ódio e do terror globalizado e os seus aliados tradicionais que, mesmo que se tenham enganado, lutam presentemente contra o terrorismo e a barbárie daqueles que negam o direito à vida e à liberdade de todos."
Por isso pergunto: quem responde a Allam?

José António Carvalho in Público, 18 Agosto 2006

4 Comments:

At 14:03, Blogger Elise said...

http://www.youtube.com/watch?v=YilPdQ2tVlE

 
At 14:46, Blogger Anthrax said...

Sabe o que é isso meu caro amigo? É o "next level" do Movimento dos Não Alinhados que, começou na Conferência de Bandung em 1955.

Vá ao site http://www.nam.gov.za/background/members.htm e veja quem são os membros.

 
At 03:47, Blogger Virus said...

De facto não me parece que falte lá nenhum han?

 
At 13:17, Anonymous Anónimo said...

Intercontinental de la Habana, 1966

 

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