Observatório da Jihad


18.8.06

A derrota de Israel

por Vasco Pulido Valente
Público, 18 Agosto 2006

Em Israel, a maioria da população não tem a menor dúvida: 70 por cento acham que o Hezbollah ganhou. O Exército libanês não vale nada e o primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, já declarou anteontem que não tenciona desarmar ninguém.
De resto, quem pode seriamente confiar a vida a soldados da França (5000), da Itália (2000), da Turquia (1200), da Malásia (1000), da Indonésia (850), da Espanha (700), da Finlândia (200) e do Brunei (200)? É desta força heterogénea, estrangeira, incomandável e simbólica que se espera a neutralização do Hezbollah? Uma força que, de resto, não estará no terreno em menos de um ano? E de que vale uma "zona-tampão" porosa como uma passador? No fundo, a ingerência internacional e a UNIFIL só servem para enfraquecer Israel, que a opinião do Ocidente abandonou.
Como a Intifada e a anterior ocupação do Líbano, a ofensiva contra o Hezbollah não foi "limpa". Por outras palavras, não foi uma guerra de um exército regular contra outro exército regular. Morreram civis. A artilharia e a aviação arrasaram aldeias, cidades, pontes, portos. De longe, de muito longe, o público iletrado e sentimental da Europa e da América via as vítimas, mas não via os foguetões que o Hezbollah escondera nas ruínas. A "barbaridade" de Israel pareceu incontroversa e os "peritos" resolveram invocar o aberrante argumento da "resposta desproporcionada". "Desproporcionada" a quê? À instalação na fronteira de meios suficientes para paralisar e destruir uma boa parte de Israel? À própria sobrevivência de Israel? Nunca houve resposta. O espectáculo do sofrimento chegava para convencer a boa alma do Ocidente.
Bush e Blair, sem apoio doméstico e em plena derrota no Afeganistão e no Iraque, recuaram; e da sombra saiu o sinistro Chirac. A Europa e a América decidiram de repente que a pequena querela entre Israel e o Hezbollah (um assunto local) não interessava particularmente ao futuro do mundo. Apesar do 11 de Setembro e de tudo o que a seguir aconteceu, o Ocidente não consegue levar a sério a ameaça do islamismo, como levou a sério a do comunismo. No fundo, o homem comum não acredita que uma civilização fracassada, miserável e medieval possa prevalecer contra a majestade da Europa e da América. Talvez sim. Mas pode, entretanto, empurrar a Europa e a América para um desastre difícil de imaginar e de reparar. Com a derrota de Israel, esse desastre ficou mais próximo.

5 Comments:

At 18:16, Blogger Virus said...

Ah pois é... ah pois é...

Este senhor é de extrema-direita... vê-se em cada palavra de ódio que profere contra o Islão...

Aliás, já agora, todos os que profiram alguma palavra contra o Islão são de extrema-direita... ou será de extrema-esquerda (já que a extrema-direita é contra Israel e a América?!)...Bom afinal o que é que são?

Isto está mau... ainda não conseguimos rotular esta gente que fala contra o Islão.

 
At 01:24, Anonymous Anónimo said...

Outra vez Vasco Valente acerta na mosca!
Quando será que o Ocidente abrirá os olhos a este perigo ? apesar de todos os sinais de alerta vermelho piscando poucos se atrevem a falar abertamente.
Por falar, há um livro de I.Bruruma & A.Margalit " Ocidentalismo" O ocidente aos olhos de seus inimigos, que aponta alguma esperança.

 
At 03:41, Blogger Virus said...

Que tal rotulá-los de... realistas?

 
At 08:20, Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 14:11, Blogger Virus said...

Oh... Sliver... então qué'isso?

A remover comentários? Onde é que ficou a liberdade de expressão e a liberdade de podermos chamar de retardados mentais (sem ofensa para os que realmente são) aos que escrevem barbaridades?

 

Enviar um comentário

<< Home