O Sionismo original
Sobre o sionismo e o «roubo» de terras aos Palestinianos, deixo as palavras de David Meir-Levi, publicadas na obra «Grandes Mentiras - Demolindo os Mitos de Propaganda de Guerra contra Israel», Via Occidentalis, 2006, págs. 62-65.
«A partir de meados do século XIX, os pioneiros sionistas juntaram-se às comunidades judaicas locais na reconstrução de uma pátria judaica no território que era então o Império Turco. Fizeram-no comprando terras à Coroa turca e a proprietários árabes (os effendi). Não houve invasão, conquista ou roubo de terras árabes – e muito menos de terras palestinianas, uma vez que os árabes que viviam na região eram cidadãos turcos havia já 400 anos. Desarmados e sem exército, os judeus acabaram por comprar tantas terras aos árabes que, em 1892, um grupo de effendi escreveu ao Sultão turco pedindo a proibição de venda de terra a judeus. Em 1915, os seus descendentes voltaram a fazer o mesmo pedido. Tornava-se evidente que a simples presença de judeus proprietários de terra no Médio Oriente incomodava algumas pessoas, mesmo considerando que as transacções haviam sido legalmente feitas.
É indiscutível que não houve apropriação indevida: nem uma só queixa foi apresentada. Nenhum árabe foi afastado do seu lar contra a sua vontade. Com efeito, como ficou demonstrado num estudo demográfico da Universidade de Columbia 1, a população árabe na região cresceu tremendamente neste período, em parte graças ao desenvolvimento económico alcançado com a ajuda dos judeus. Entre 1514 e 1850, a população árabe nesta região do Império Turco tinha praticamente estabilizado nos 340 mil habitantes; subitamente começou a aumentar por volta de 1855; e em 1947 subira já para 1 milhão e 300 mil – quadruplicando em menos de cem anos. As causas exactas deste aumento populacional estão fora do escopo deste ensaio, mas a relação causal entre este fenómeno (comprovado com toda a independência académica) e a capacidade de empreendimento sionista não oferece a menor dúvida.
Longe de afastar os árabes, roubando as suas terras ou arruinando a sua economia, o trabalho dos pioneiros judeus do século XIX e início do século XX permitiu, na verdade, que a população árabe quadruplicasse, a economia entrasse na era moderna e a sociedade se libertasse das misérias da servidão que tipificava a relação effendi-fellah (proprietário-servo) da época otomana. Um árabe que trabalhasse numa fábrica ou numa comunidade agrícola judaica podia ganhar num só mês aquilo que o seu pai tinha ganho num ano inteiro a arrancar um rendimento agrícola de mera subsistência usando tecnologia medieval. A mortalidade infantil entre os árabes desceu significativamente, já que os judeus partilhavam a sua moderna tecnologia médica com os vizinhos árabes.
Muita da terra que os sionistas compraram não passava de deserto e pântano: era território desabitado e como tal condenado pela tradição árabe. Técnicas agrícolas modernas postas em prática pelos judeus, e ainda o sangue e suor de milhares de idealistas sionistas, conquistaram essas terras, transformando-as em propriedades de primeira classe dotadas de quintas e comunidades florescentes servidas por uma saudável economia de mercado. Como resultado, migrantes árabes acorreram em massa à região, vindos de Estados vizinhos em busca de uma vida melhor e de maiores oportunidades económicas. Isto permite sugerir que um número significativo de árabes que hoje vivem em Israel, se não mesmo a sua maioria, devem a sua existência ao empreendimento sionista.
Uma comprovação desta história (bem diferente da que nos é apresentada pela propaganda árabe) chega-nos de uma fonte surpreendente. Num discurso televisivo, em Maio de 2005, o sheikh Yousuf al-Qaradhawi, terrorista árabe internacional e membro do estado-maior de Osama bin Laden, gelou os seus seguidores com a seguinte frase: “Infelizmente, nós [árabes] não somos excelentes nas indústrias civis ou militares. Importamos tudo, de alfinetes a mísseis. Como é possível que o gang sionista tenha conseguido ser superior a nós, apesar de eles serem tão poucos? Tornaram-se superiores através do conhecimento, da tecnologia e da própria energia. Tornaram-se superiores através do trabalho. À frente dos nossos olhos estava o deserto, e nós nada fizemos. Quando eles tomaram conta do deserto, transformaram-no num oásis verde. Como pode progredir uma nação que não trabalha? Como pode crescer?”. 2
Foi precisamente este sucesso do empreendimento sionista que provocou o receio e a ira dos líderes árabes. O progresso, a tecnologia e a economia sionistas e a disposição dos judeus de partilharem esta tecnologia com os seus vizinhos árabes ameaçavam radicalmente o estrangulamento medieval que os effendi exerciam sobre os fellahin. Os métodos turcos de manutenção da ordem sob a autoridade do Sultão eram algo draconianos. Consequentemente, como parte do Império Turco, os árabes da região não se arriscaram a provocar uma guerra civil; e assim aguentaram estoicamente a presença judaica, num esforço que passou por tolerância. Mas a governação britânica que se seguiu à I Grande Guerra não era tão severa. Quando a Grã-Bretanha tomou conta do Mandato Palestino (o que corresponde hoje aos territórios de Israel e da Jordânia), os líderes árabes perceberam que tinham mãos livres. Instigando o ódio religioso e alimentando a chama do ressentimento fellah com mentiras sobre uma intenção judaica de destruição do Islão, representantes das principais famílias effendi, comandados pelo hajj Amin el-Husseini, deram início a uma jihad islâmica que envolveu uma série de pogroms contra os judeus.»
1. Justin McCarthy, The Population of Palestine, 1990.
2. Comprovação académica pode ainda ser encontrada em Palestinian Identity, do professor Rashid Khalidi (um palestiniano de nascimento); em The Palestinian People, de B. Kimmerling e J. Migdal; e na tese de doutoramento do palestiniano Sandi Sufian, da Universidade de Chicago.
13 Comments:
É impressionante como é que um terrorista assassíno diz exactamente a mesma coisa que eu digo!
Sem dúvida uma leitura recomendada aqueles que cegamente acusam os judeus de todos os males do planeta!
Pena é que só leiam os manifestos do BE, deveriam também ler os manifestos dos outros, pois só assim poderão estar na posse de todos os elementos para formarem uma opinião imparcial e isenta sobre todo e qualquer assunto.
David Meir-Levi só contou mentiras. "Blame the victim for being victimized", uma velha história de sionistas. que só fazem mal aos judeus pela arrogância que demonstram.
acho a sua perspectiva pode ser interessante, mas «mentiras», «velhas histórias» e «arrogância» é muito pouco como argumento intelectual. Consegue rebater o Meir-Levi ou fica-se pelo azedume?
Não serve de nada argumentar. isto aqui não é nenhum fórum de discussão, mas um blogue e a agenda é determinada pelo dono do blogue.
Sliver, dono deste blogue, é incapaz de aceitar que a carta MLK foi falsificada por sionistas, que é um coisa simples de se admitir inequivocamente, sem meias palavras nem tentar justificar, o que servirá rebater David Meir?
Uma falsificação como a da carta não caiu do céu para ser favorável aos sionistas!
o que você diz faz sentido, quem controla a agenda é o dono do blogue, eu não concordando com tudo o que diz o Meir-Levi não me atrevo a contestar por contestar, mas quando chegar a casa vou pesquisar e por algumas leituras em dia,com argumentos virei aqui, se for caso disso, porque as afirmações do DMLevi não são levianas. Outra coisa é a leitura que faz da falsificação... acabo de ler o post em que o Sliver dá a mão à palmatória e remete para os links explicativos... não percebo a sua insinuação. Percebi perfeitamente o que aconteceu. Bom fim de semana a todos.
É tão engraçado ver anónimos a discutir todos uns com os outros. Sabem que a uniformização é a anulação da individualidade e que a ausência da indiviualidade é uma das características dos Estados Autocráticos? Quem diz Estados Autocráticos, diz determinado tipo de organizações que advogam a supressão da identidade indívidual em prol do grupo. Mas enfim, isto é só uma curiosidade, não era nada disto que eu ía dizer.
Aquilo que ía dizer é que concordo com a postura do 4º anónimo. É uma postura que revela inteligência e que não cai na postura de "vitimização" (a.k.a complexo de calimero) dos 3 comentários anónimos anteriores.
Por isso, um grande bem haja para o 4º anónimo. Meu caro, penso que não estarei errado se lhe disser que, é isso que se pretende aqui por estas bandas. E se não me levar a mal uma sugestão, até se pode identificar como "4º anónimo" (se o sistema permitir e porque a designação é engraçada).
ps- desculpe aquela coisa dos "homenzinhos verdes a passear na rua", mas com tantos anónimos às tantas fiquei baralhado.
E você não é anónimo anthrax, com esta de ser anónimo. Se não é revel aqui o seu verdadeiro nome e email.
Quanto aquilo que o outro anónimo diz, sobre Sliver remeter aos links, estes foram colocados por mim.
O que Sliver pode fazer é dizer inequivocamente que a carta foi falsificada por sionistas, e não vir aqui com desculpas que alguém indeterminado falsificou-a, porque esta beneficia os sionistas, que fizeram o uso vergonhoso de uma pessoa que já não está viva.
Epá então espero que os espanhois nã comecem a reclamar a soberania da zona do Alqueva... eles estão a comprar tudo, e isso no próximo século pode vir a servir de justificação (descabida!) para a ocupação daquela zona!
Epá tenha paciência!!!! Que o islão se radicalizou e que é necessário instigar um poder secular no Médio Oriente, todos estamos de acordo. Que o terrorismo islâmico é a maior ameaça ao mundo ocidental neste momento, também estamos de acordo. Agora alarvidades como justificar a ocupação de um país com a aquisição de terras por judeus a turcos... se faz favor, que argumento mais ridiculo! Você acredita mesmo neste argumento?
E depois não querem que eu vos baralhe todos! É realmente inacreditável.
Caro anónimo que me respondeu, para responder directamente à sua pergunta, não. Eu não sou anónimo.
Utilizo um "nickname" ao qual está associado um endereço de e-mail. Além disso, a utilização de "nicknames" não pressupõe o anonimato tal como o amigo o está a entender. Porque enquanto o anonimato pressupõe a anulação daquilo que o torna indívidual e que é a identidade. Os "nicknames" pressupõem a criação de uma identidade alternativa que em nada difere da utilização de heterónimos como, por exemplo, quando um autor escreve um livro sob outro nome. A criação de uma identidade alternativa não pressupõe sequer a indução ao erro porque todos os comentários que são feitos estão associados a essa identidade ao contrário do que acontece com o anonimato.
Também ao contrário do anonimato, as utilizações de "nicknames" pressupõe salvaguarda da privacidade do indíviduo. Os anonimatos, não pressupõem a salvaguarda da privacidade. Os anonimatos servem para esconder diversos tipos de fragilidades que podem ir, na versão soft da coisa, desde a insegurança até à incapacidade do indíviduo em lidar com vários tipos de rejeição.
No seu caso concreto, só o amigo é que pode responder em qual dos tipos se enquadra melhor. Agora, sem conhecer nada de si excepto as coisas que anda para aí a escrever, aquilo que eu lhe posso dizer é:
- O seu discurso é o discurso da vítima contra a qual os poderes conspiram.
- É um discurso adjectivado e agressivo porque, na sua cabeça isso faz todo o sentido. Se todos conspiram contra si você está sozinho e precisa de se defender logo, a melhor defesa é o ataque e por isso reaje como se o tivessem a atacar constantemente.
- Além disso, para reforçar a sua percepção de que é uma vítima, ainda vem participar num blogue em que sabe que, à partida, ninguém vai concordar com as suas ideias. Mas a culpa não é sua porque, você sabe que até é boa pessoa, os outros (que somos nós) é que o perseguem rejeitando propositadamente as suas ideias. Mas pior! O Sliver até tem uma agenda, com um pontinho específico só para si.
E agora, depois de lhe ter dito isto e na sequência do que tenho lido, posso inclusivamente antecipar a sua reacção porque o amigo vai encarar isto como um ataque pessoal, embora não o seja.
Para concluir, eu não revelo o meu nome simplesmente porque não quero. Tenho uma identidade para estar aqui e é essa que vão usar para me reconhecer.
«Agora alarvidades como justificar a ocupação de um país com a aquisição de terras por judeus a turcos... se faz favor, que argumento mais ridiculo!»
Muito bem, conte lá então como é que foi, ou se quiser simplificar, em que é que acredita.
Caro Anónimo,
Estas tentativas de manipulação de argumentos são verdadeiramente incríveis: primeiro, diz que os israelitas roubaram as terras ao árabes; depois, quando lhe é mostrado que as compraram, afinal isso foi apenas uma justificação para a ocupação de um país! Ouça lá, mas de que país é que está a falar? Explique-nos, que país era esse em 1949? Porque é que mesmo lendo a história, a continua a querer deturpar? Quem é que espera enganar com essa manipulaçãozinha? Algum leitor ou a si próprio para justificar o injustificável?
Mas vocês ainda ligam?
O que o Sliver transcreve de umas fontes, também vem noutros livros de história como por exemplo o "Wars of National Liberation" de Daniel Moran, no "One world divisable" de David Reynolds, no "Atlas Historique" da Perrin e dentro destes ainda se podem ir buscar mais fontes que fazem referências ao mesmo.
Portanto isto só pode significar uma coisa; a existência de uma conspiração à escala global.
O queé que vocês querem... as grandes editoras ocidentais estão todas nas mãos dos sionistas! É uma conspiração!...
Já agora aos anónimos que pensam, porque não conhecem o sistema de identificação na Blogosfera e como funciona a identificação dos seus participantes, eu (como é hábito subscrevo inteiramente o que advoga o Anthrax) até vos posso facilitar o trabalho por isso para quem quiser aqui fica o meu e-mail-viruspt@clix.pt e o meu nome é B.Ramalho-por motivos profissionais mais não posso dizer...
Então e esse cafézinho sai ou não sai?
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