Observatório da Jihad


7.12.06

O que é desproporcionado

Por Joël Rubinfeld
Presidente do Atlantis Institute

Na escala dos termos utilizados para descrever o comportamento de Israel durante a recente guerra no Líbano, «desproporcionado» ocupa provavelmente o primeiro lugar. Passemos por cima do absurdo desta noção – Israel deveria lutar contra o Hezbollah e o Hamas fazendo explodir autocarros cheios de civis em Beirute e Gaza ou lançar mísseis às cegas sobre as zonas populacionais libanesa e palestiniana? – para nos concentramos no essencial: será que Israel não passa do arbusto que esconde a floresta dos predadores planetários? A atenção «desproporcionada» dada à questão israelita deixa augurar a resposta.
O que é desproporcionado, é a extrema focalização mediática de que «alguns» milhares de vítimas do conflito israelo-árabe são objecto em detrimento dos abandonados do ecrã. A África, continente 1450 vezes mais vasto e 130 vezes mais povoado que o exíguo Estado hebraico ilustra bem esta diferença abissal.
Em 1983, quando o presidente sudanês decidiu introduzir a charia no código penal, começou uma guerra entre o regime islamista de Cartoum e os cristãos e animistas do Sul. Teve-se de esperar até 2005 para que fosse assinado um frágil tratado de paz entre o Norte e o Sul. Balanço: dois milhões de mortos, órfãos da opinião pública.
Em 1994, bastaram cem dias aos extremistas Hutus para exterminar a quase totalidade dos Tutsis do Ruanda, quase um milhão de almas. Na mesma ocasião, era mais fácil encontrar um grande repórter num café de Tel Aviv ou de Ramallah que em todo Kigali (no pior momento do genocídio, Mark Doyle, da BBC, era o único jornalista estrangeiro no local).
No Congo, mais de três milhões de civis foram vítimas do conflito que destrói o país desde 1988, enquanto que no Sudão, o regime pratica desde 2003 uma limpeza étnica na província ocidental do Darfour. Até à data contabilizam-se já 300.000 vítimas e dez vezes mais de refugiados que erram num corredor da morte do tamanho da França.
A este cenário macabro é necessário acrescentar os milhões de vítimas dos conflitos que, da Argélia atingida pelo terrorismo islamista à África do Sul racista do apartheid, passando por Angola, Moçambique, Somália, Libéria ou Etiópia, alterou o quotidiano dos africanos muito pouco, parece, telegénicos.
O que é desproporcionado é o tratamento discriminatório infligido a Israel pelo órgão supremo das relações internacionais, as Nações Unidas. Um relatório
[1] do American Jewish Committee – ONG que «a presença na ONU foi de uma grande utilidade desde a sua criação» segundo Kofi Annan – coloca em destaque a deriva onusiana.
Em 2005, por ocasião da 60ª Assembleia-geral da ONU, 18 resoluções condenando o Estado judaico foram adaptadas enquanto que o Sudão, tranquilamente ocupado com as suas actividades genocídas no Darfour, escapava a qualquer crítica.
Outro exemplo: a Carta das Nações Unidas prevê que «a Assembleia-geral tem uma sessão anual regular e, sempre que as circunstâncias o exijam, sessões extraordinárias»
[2]. Das dez sessões de extraordinárias convocadas de urgência, seis foram consagradas a Israel. É preciso dizer que as dezenas de milhões de vítimas do Ruanda, do Iraque do Saddam, do Biafra, da China de Mao, da Síria, do Camboja de Pol Pot ou do Sudão não tiveram a oportunidade figurar na ordem do dia das restantes sessões extraordinárias.
Também há o caso dos Comités da Assembleia-geral. Em número de 17 (Comités contra a tortura, os direitos da criança, os direitos do homem, etc.), um único entre eles é dedicado a um povo em particular: o Comité para o exercício dos direitos inalienáveis do povo palestiniano. Com o mesmo espírito, o interlocutor onusiano dos refugiados varia segundo os casos: UNHCR para todos os refugiados do planeta (70 milhões desde 1950), UNRWA só para os refugiados palestinianos (726.000 em 1948) – os únicos igualmente a poderem transmitir o seu estatuto de refugiados aos descendentes, em contradição com a Convenção relativa ao estatuto de refugiados adoptado em 1951 pela ONU (fielmente aplicado em todos os outros casos).
Quanto à defunta Comissão dos direitos do homem, presidida em 2003 pela Líbia…, cedeu lugar ao não menos falacioso Conselho dos direitos do homem que, até à data, teve mais sessões extraordinárias (três, todas consagradas à condenação de «graves violações israelitas dos direitos do homem») que sessões ordinárias (uma, condenando um único país: Israel – era necessário dizer?).
O que é desproporcionado é a acusação de Israel ser responsável pelo aumento do extremismo religioso em terras do Islão, onde a responsabilidade cabe inteiramente às autocracias árabe-muçulmanas que alimentam no seu seio o mal que as estás prestes a devorar.
Explicação. Como em todas as ditaduras dignas desse nome, um controle mais rigoroso é exercido contra a imprensa, a televisão, a literatura, o cinema, etc. A única excepção à regra: o Corão. Mesmo o mais laico dos potentados da região, o presidente tunisino Ben Ali – o mesmo que interditou a difusão do Fígaro no dia da publicação da coluna do filósofo Redeker –, inflamaria tudo se pretendesse proibir o Corão no seu país.
É por isso que o que tem de acontecer, acontece. Única literatura «subversiva» autorizada, o Corão reúne em seu torno a maioria dos espíritos contestatários e revolucionários que, humilhados pelos poderes instalados, substituíram o Pequeno Livro Vermelho de Mao pelo Pequeno Livro Verde de Maomé.
O que é desproporcionado é o julgamento feito pela opinião pública europeia sobre Israel, identificado como a principal ameaça para a paz no mundo. Para 59% das pessoas sondadas
[3], é Israel que, mais que o Irão, a Coreia do Norte, a Síria, o Paquistão ou a Arábia Saudita, coloca em perigo a estabilidade planetária.
Considerar a única democracia do Médio Oriente como sendo mais perigosa para a nossa quietude que os regimes tirânicos do doutor Folamour norte-coreano, dos aprendizes de feiticeiro iranianos ou dos mecenas sauditas da Internaional salafista, testemunha o estado de decrepitude moral e intelectual que atinge uma Europa que, mais uma vez, prefere Dalladier a Churchill.
Seguramente os historiadores que, daqui a algumas décadas, estudarão o nosso presente, não se deixarão enganar pelos gritos histéricos dos nossos «humanistas» monomaníacos. Até lá, seria bom interrogar-nos sobre as razões do tratamento de excepção aplicado ao Dreyfus das nações. Assim, talvez, despertássemos o Zola que está adormecido em cada um de nós.

[1] “A Diminished World Body: An Overview of the UN and Israel”, American Jewish Committee, Fevereiro de 2006.
[2] Capítulo IV, Artigo 20 da Carta das Nações Unidas.
[3] Eurobaromètre Flash, “Irak et la paix dans le monde”, Comissão Europeia, Novembro de 2003.

2 Comments:

At 11:51, Anonymous Anónimo said...

Joel Rubinfeld é um judeu sionista, A isenção é zero em tudo que escreve.

Sliver você não consegue encontrar nada credível? Os muçulmanos que encontra são funcionários dos sionistas como você...

 
At 12:15, Blogger Sliver said...

Isento e credível só o conheço a si... quer escrever para o Observatório?
Só lhe peço que desmonte e ataque os textos em vez de colar rótulos às pessoas. Percebo que este texto demolidor o tenha irritado mas como hoje é sexta sei que vai ganhar a inspiração necessária para nos explicar que tudo o que JR escreve é mentira.
Não esqueça: o mundo conta consigo para derrotar os Cruzados e os Sionistas. Boa Jihad!

 

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