Observatório da Jihad


19.12.06

Como acabar com o terrorismo

por Daniel Pipes
New York Sun, 5 de Dezembro de 2006
Original em inglês:
How to End Terrorism - Tradução: Márcia Leal

Para ser eficaz, uma estratégia contra-terrorista deve centrar-se no facto de que o terrorismo praticado pelos muçulmanos em nome do Islão é a actual ameaça estratégica aos povos civilizados, sejam eles muçulmanos ou não-muçulmanos.
Na versão mais simples, a ameaça envolve indivíduos isolados que, acometidos pelo
Síndroma de Jihad Súbita, manifestam uma crise inesperada de fúria homicida. Na mais complexa, ela envolve uma organização criminosa como o Hamas, ao comando da quase-governamental Autoridade Palestina ou mesmo os esforços da Al-Qaeda para adquirir armas de destruição em massa. Logo, deter o terrorismo islâmico representaria um grande passo para vencer o que alguns chamam a Quarta Guerra Mundial.
E isso é possível?
Sim, e em parte por um trabalho eficaz de contra-terrorismo convencional. É preciso ir no encalço de indivíduos, fechar organizações, destruir redes, monitorar fronteiras, recusar verbas, proibir armas de destruição em massa. Porém, essas medidas enfrentam apenas os sintomas, não o problema em si. O "problema de facto" consiste nas forças motivadoras que estão por trás da onda de violência, na qual imergiram os muçulmanos em nome do Islão. Isolar o porquê de o terrorismo ser hoje um aspecto tão importante da vida muçulmana revela-se a única maneira de conter essa violência.
Tal agressividade não surge de algum impulso perverso que busque infligir o mal para o seu próprio bem; ela não flui da religião islâmica, que apenas uma geração atrás não inspirava tamanho ódio mortal. Ela é consequência de ideias políticas.
Não há lugar para ideias na criminalidade comum, cujos fins são puramente egoístas. Mas as ideias, as que implicam a radical transformação do mundo, são fundamentais para o terrorismo, sobretudo o suicida. Ao contrário da maioria de nós, que em geral aceitamos a vida como ela é, os utópicos agarram-se à construção de uma ordem nova. Para isso, reivindicam todos os poderes, exibem um desprezo assustador pela vida humana e alimentam o desejo de propagar suas ideias em escala global. De entre os vários esquemas utópicos, o fascismo e o comunismo destacam-se como os mais significativos do ponto de vista histórico, e ambos são responsáveis por dezenas de milhões de mortos.
Combatidos, esses dois totalitarismos foram subjugados em 1945 e 1991, respectivamente; um com violência (na Segunda Guerra Mundial), o outro com subtileza (na Guerra Fria). O seu quase desaparecimento
levou alguns optimistas a imaginar que a era da utopia e do totalitarismo tinha chegado ao fim e que uma ordem liberal instalava-se definitivamente.
Essa visão ignorou um terceiro totalitarismo, em expansão desde a década de 20: o islamista, que se pode resumir como a crença no "
Islão como a solução" para qualquer problema, da educação infantil às operações de guerra. Como resultado de factores diversos — uma rivalidade histórica entre judeus e cristãos, uma natalidade excessiva, a tomada do Estado iraniano em 1979, o apoio dos países ricos em petróleo — os islamistas passaram a dominar o discurso ideológico dos muçulmanos interessados na sua identidade ou fé islâmica.
Após dois séculos de recuo, a lei islâmica retornou triunfante, e com ela a jihad, ou guerra santa. O
califado, morto na prática há mais de um milénio, renovou-se como um sonho arrebatador. As ideias propostas por pensadores e sistematizadores como Muhammad ibn Abd al-Wahhab, Shah Waliullah, Sayyid Abu'l-A'la al-Mawdudi, Hasan al-Banna, Sayyid Qutb e Rouhollah Khomeini formaram o núcleo de uma ofensiva bem-sucedida contra as visões tradicionais, modernistas e centristas do Islão. Os seus partidários adoptaram meios violentos, inclusive o terrorismo, para disseminar o veneno que esses utópicos produziram.
O contra-terrorismo mais efectivo não combate os terroristas, e sim as ideias que os movem. Essa estratégia desenvolve-se em duas etapas principais. Na primeira, atinge-se o movimento islamista com uma derrota igual à que atingiu o fascismo e o comunismo — em todos os níveis e de todas as maneiras, lançando mão de todas as instituições, públicas e privadas. Uma vez que as comunidades muçulmanas em geral não demonstram capacidade ou disposição para afastar os islamistas, essa tarefa compete basicamente aos não-muçulmanos.
Em contrapartida, apenas os muçulmanos podem assumir a segunda fase, a formulação e a difusão de um Islão moderno, moderado, democrático, liberal, tolerante, amistoso, humano e respeitador das mulheres. Aqui, para os não-muçulmanos, ajudar significa
distanciar-se dos islamistas e apoiar os muçulmanos moderados.
Ainda que teoricamente realizável, a
fraqueza dos seus actuais defensores faz o Islão moderado parecer impossível de tão longínquo. Contudo, o sucesso do Islão moderado representa a única forma eficaz de contra-terrorismo, por mais vagas que sejam suas perspectivas no momento. O terrorismo, gerado por más ideias, só pode ser vencido pelas boas.

2 Comments:

At 11:09, Anonymous Anónimo said...

Boink

Daniel Pipes, o sionista, a pregar a sua ideologia de guerra permanente.

 
At 11:16, Blogger Joaquim Baptista said...

Gostei do que li, mas estou apreensivo, quanto ao que aí vem.

 

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