Observatório da Jihad


5.9.06

Eurabia e as universidades europeias

O caso Van Der Horst

Longe dos campos de batalha e da atenção dos media, no coração da Europa, e nos corredores de uma prestigiada universidade, desenrolou-se o caso Van der Horst, ilustrativo dos efeitos complementares das duas facetas de um mesmo fenómeno, que é a Jihad e a Dhimmitude.

No livro Eurabia, l'axe euro-arabe 1(Eurabia: The Euro-Arab Axis), a historiadora Bat Ye'or, cujos trabalhos pioneiros levaram ao grande público um assunto inexplorado da história mundial – a dhimmitude e as relações entre o Islão e as minorias não-muçulmanas – descreveu o aumento da submissão das elites políticas europeias aos diktats da Liga Árabe e do mundo árabe-muçulmano em geral, a propósito do “diálogo euro-árabe”, e, para descrever este processo político, cultural e económico, inventou um termo que passou a figurar no léxico político contemporâneo: Eurabia.
Para os que ainda duvidam da existência e da realidade da Eurabia, o recente caso Van Der Horst ilustra as consequências do processo descrito por Bat Ye’or, no coração do bastião da cultura europeia: a universidade. O caso que desencadeou um polémica na Holanda e foi descrito em vários jornais americanos e israelitas foi silenciado nos media franceses… 2
Pieter Van Der Horst é um professor da Universidade de Utrecht, especialista no mundo helénico e no cristianismo inicial, trabalhos que lhe valeram renome mundial no mundo universitário. No início do mês de Junho de 2006, pronunciou um discurso de despedida por ocasião da sua passagem à reforma, após 37 anos de ensino. O assunto do seu discurso foi «O Mito do Canibalismo Judaico» e propôs-se a efectuar a genealogia deste mito desde a antiguidade até à época contemporânea.
Como o próprio Van Der Horst relata, tinha a intenção de seguir a pista de acusação segundo a qual os judeus consumiam carne humana, desde as origens greco-romanas, passando pela Idade Média cristã, e até ao período nazi e ao mundo muçulmano actual. A demonização dos judeus no mundo muçulmano tem as suas raízes, explica Van Der Horst, no fascismo alemão. Lembra que o Mein Kampf, o livro-programa de Adolf Hitler, figura na lista de best-sellers em vários países do Médio Oriente.
A simpatia pelo nazismo nos países árabe-muçulmanos remonta à época que precede à II GM. O dirigente palestiniano Haj Amin al-Husseini, Grande Mufti de Jerusalém, colaborou activamente com Hitler. Passou vários anos em Berlim, durante a guerra, prossegue Van Der Horst, e visitou o campo de extermínio de Auschwitz, que lhe inspirou um plano de edificação de câmaras de gás na Palestina, segundo o modelo nazi… 3
Para sua surpresa Van Der Horst, não pode pronunciar o discurso de despedida, perante os seus colegas da universidade de Utrecht, como era esperado. Foi convocado pelo Reitor da Universidade que lhe pediu para suprimir a passagem do seu discurso relativa ao anti-semitismo muçulmano. Recusando fazê-lo, Pieter Van der Horst foi convocado perante uma comissão ad hoc, que evocou três razões para suprimir a passagem litigiosa.A primeira é que o discurso arriscava – se não fosse expurgado – a provocar a cólera dos “grupos de estudantes muçulmanos bem organizados”, e o Reitor não podia assumir a responsabilidade das reacções violentas que iria suscitar. Para além disso, a comissão achava que o discurso era contrário aos esforços de aproximação entre muçulmanos e não-muçulmanos, no seio da universidade. Finalmente, os colegas de Van der Horst pretendiam que o seu discurso não estava ao nível dos critérios universitários, aludindo aos comentários sarcásticos que continha em relação a alguns políticos holandeses.
Incrédulo, Van Der Horst enviou o seu discurso a colegas especialistas do mundo muçulmano e do Islão que confirmaram unanimemente o interesse e a veracidade das alegações sobre o anti-semitismo muçulmano. Este discurso, afirmaram, não pode de forma alguma, suscitar a ira dos muçulmanos, pois não contêm nada de injurioso contra o Islão, o Profeta ou o Corão, mas aborda unicamente questões históricas.
O Reitor da universidade de Utrecht não ficou satisfeito com estas explicações e manteve a posição inicial. Triste, Van Der Horst decidiu aceitar o veredicto dos seus pares e pronunciou o discurso de despedida, após 37 anos de bons e leais serviços como professor, expurgado da passagem litigiosa.
No dia da cerimónia, teve a surpresa de constatar que os media locais se tinham interessado pelo assunto. O Reitor da universidade afirmava que não tinha existido nenhuma censura e que o discurso era simplesmente inaceitável pela sua qualidade de universitário.
Pieter Van Der Horst deu a sua versão dos factos no
Wall Street Journal num tom optimista, constatando que tinha recebido o apoio de inúmeros colegas e de membros da comunidade judaica holandesa. Permitam que não partilhe do seu optimismo. O caso Van Der Horst ilustra o nível de dhimmitude a que chegaram as elites universitárias, em vários países da Europa.
O caso da Holanda não é isolado e nem sequer é o pior. Lembramo-nos de inúmeros casos de boicote universitário contra professores israelitas (alguns de extrema-esquerda, que não foi suficiente para os proteger) efectuado por grupos pró-palestinianos, influentes nas universidades francesas e inglesas. Mas o caso Van Der Horst é mais grave que os casos de boicote, porque testemunha a auto-censura que se impõem os membros iminentes da universidade (e que impõem aos seus pares), para não “ofender” os estudantes muçulmanos, sem que estes tenham intervido nesse sentido.
O caso Van Der Horst é a ponta do iceberg, e numerosos casos similares ocorreram sem chamarem à atenção. O fenómeno traduz a emergência da Eurabia no seio das universidades europeias. Toca todos os departamentos universitários, não só os que tratam dos estudos islâmicos (como a revista do Instituto Internacional para o Estudo do Islão no Mundo Contemporâneo, que é um modelo do politicamente correcto e do islamicamente correcto) mas também os estudos não-islâmicos, como mostra o caso Van Der Horst. Nas universidades europeias, certos assuntos tornaram-se tabu. O anti-semitismo no mundo muçulmano, a aproximação entre o fundador do movimento nacional palestiniano e os nazis, ou a perpetuação dos mitos racistas anti-judaicos nos países árabe-muçulmanos, são tabus que os professores mais eminentes não podem abordar, sob pena de serem censurados e humilhados publicamente. Quanto aos estudantes, seguramente nunca escutarão falar de tal coisa nos seus programas universitários. Erasmo desperta, eles estão loucos!

Notas:

1. Bat Ye'or, Eurabia, l'axe euro-arabe, Editions Jean-Cyrille Godefroy, Paris 2006.
2. Ver o artigo de Van Der Horst in Wall Street Journal, "Tying Down Academic Freedom", 30 Junho 2006. Publicado no site http://www.campus-watch.org/article/id/2606.
3. Sobre a colaboração entre o Grand Mufti e os nazis, ler Le Sabre et le Coran, Editions du Rocher 2005, cap. 1.

Paul Landau
in Observatoire de l’Islam en Europe

2 Comments:

At 00:31, Blogger Virus said...

O Tico e o Teco que andaram por todas essas universidades europeias e mais algumas podem vir aqui afirmar com toda a certeza que tudo isso é mentira e que não existe qualquer limitação ou Eurabização das universidades na Europa... hmmm... ou será dos jardins infantis???!!!...

 
At 10:32, Blogger Anthrax said...

Mas quem foi que disse que os holandeses são normais?

Desde que tive de responder a um holandês, que estava no controlo dos cartões de embarque no aeroporto de Amsterdão, "Eu falo português, você é que não", acho que tudo é possível.

Quanto à posição do reitor da Universidade de Utrech, não há comentário possível. Não falar das coisas, não faz com que elas deixem de existir.

 

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