As lágrimas de Fouad Siniora interpretadas objectivamente
Ontem, o Primeiro-Ministro libanês exprimiu-se perante os Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros da Liga Árabe.
Não se trata de transmitir as suas propostas a favor do cessar-fogo. As agências de imprensa ocuparam-se, pelos métodos habituais, de fornecer todos os elementos necessários para diabolizar Israel, ocultando as mensagens de ódio contidas nos discursos árabes.
Retomemos os três pontos da diatribe do PM libanês que se tivessem sido transmitidas pelos media dariam conta da posição dos países árabes sobre esta região.
Em primeiro lugar, Fouad Siniora escusou-se a implicar o Hezbollah no conflito, deitando o opróbrio sobre Israel, qualificado de Estado agressor. E enfatizou ao exigir «o fim da agressão sionista», invertendo definitivamente as posições de agressor e agredido.
Em segundo lugar, houve aplausos de ministros quando Fouad Siniora declarou que o Líbano era um país árabe, e consequentemente o seu destino estava ligado ao da nação árabe.
O termo «nação» reveste-se de importância numa reunião da Liga Árabe, pois constitui o laço retórico entre arabidade e islamidade.
Neste contexto, não existe diferença entre nação árabe e nação islâmica pois a primeira comporta a segunda. É aqui, precisamente, que se situa um dos limites fundamentais dos países árabes na luta contra o extremismo muçulmano.
Finalmente, o encerramento do discurso do PM libanês pela récita de uma surata do Corão leva-nos a fazer duas notas.
Primeira é que a Liga dos Estados Árabes declara-se exclusivamente muçulmana e, consequentemente, passa a ser um subproduto da Organização da Conferência Islâmica, impedida de denunciar o Hezbollah, pois este ataca o eterno inimigo: Israel e os judeus. A segunda junta-se aos sinais de alarme lançados, várias vezes, pelos membros de Primo Europe e que devemos multiplicar. Trata-se da negação da existência de populações não-muçulmanas no Próximo e Médio-Oriente.
Imaginem o que aconteceria se fosse feita uma leitura dos Evangelhos após uma reunião política da Liga dos Estados Francófonos Cristãos.
O que se passa no Líbano acontece em imensos países árabe-muçulmanos. Elimina-se um povo apagando-o da construção da nação. Amanhã, quem reagirá ao massacre dos últimos cristãos árabes do Líbano? Ninguém!
Se houvesse uma única razão para apoiar Israel, seria esta, porque protege os seus cidadãos árabes sem se vangloriar.
Kébir JBIL © Primo-Europe Strasbourg, 8 Agosto 2006
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