Observatório da Jihad


28.9.06

A bomba nuclear do fanatismo islâmico

"O Ocidente só vai consentir na emergência de um Irão nuclear quando não tiver outra opção, e as vantagens regionais do Irão forem suficientemente fortes para lhe permitir ter uma posição forte. A questão do Irão será resolvida, não na mesa de negociação mas nas ruas de Beirute e Bagdade."
(Artigo de fundo de 28 de Agosto do jornal Kayhan, jornal oficial iraniano que exprime as posições do número um da hierarquia política iraniana, o líder "espiritual" Khameiny)

Melhor do que em qualquer outro lugar, o regime iraniano explica aqui porque razão não se dignou a aceitar a proposta negocial que lhe foi feita. Só o faria se não sentisse que estava a ganhar a batalha nas ruas de Beirute e Bagdade, verdadeiro tabuleiro da discussão.
Por uma vez, estou de acordo com os dirigentes iranianos, ou melhor constato que eles dizem agora precisamente o mesmo que eu disse durante anos a fio, e que os dirigentes políticos europeus se recusaram a entender.
A Takia, arte de dissimulação do Xiismo, de acordo com a doutrina, só deve ser utilizada quando se está em inferioridade. Os dirigentes iranianos deixaram de a utilizar exactamente porque consideram que deixaram de estar em posição de inferioridade, e dizem agora abertamente o que sempre pensaram.
Com esta declaração, com a assunção do início do programa de construção de uma bomba nuclear à base de plutónio através da inauguração das instalações de produção de água pesada de Arak, que se vai assim juntar ao original programa de produção de uma bomba à base de urânio, os dirigentes iranianos mostraram como as Nações Unidas se revelam incapazes de fazer face às suas responsabilidades.
Isso era inevitável pela simples razão de que a fantasia de que o simples acordo mais ou menos platónico pode fazer vergar a vontade de quem exibe força e determinação militar, sempre foi isso mesmo, uma fantasia, e sempre se revelou desastrosa, quer no contexto da Sociedade das Nações quer em qualquer outro.
A partir do momento em que os EUA – única potência que poderia potencialmente fazer face ao Irão – estão a perder a batalha no terreno, tanto em termos militares como, mais importante ainda, em termos de opinião pública, os dirigentes iranianos terão naturalmente o campo aberto para prosseguir o seu plano expansionista.
Será que não há forma de alterar a situação? Claro que há! Trata-se exactamente, como explica Khameiny, de fazer com que o Irão perca as batalhas que se trava nas ruas de Beirute e Bagdade, que estão longe de estar ganhas para o regime iraniano.
Bruxelas, 2006-08-31
Paulo Casaca, deputado europeu (PS) in Expresso das Nove

4 Comments:

At 12:24, Blogger Diogo said...

Até hoje, só dois cogumelos nucleares pulverizaram centenas de milhares de vidas humanas. Foi em Hiroxima e Nagasaki.

 
At 12:38, Blogger Sliver said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 12:43, Anonymous Anónimo said...

muito bem, certíssimo, vê-se que terminaste o propedêutico

 
At 23:29, Blogger Xantipa said...

Isto faz-me lembrar a lei do mais forte...

«os que detêm o poder actuam e os fracos consentem»
Tucídides, 5. 89 (no chamado «diálogo dos Mélios»).
Acho que vou escrever sobre isto no meu blogue...

 

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