Observatório da Jihad


27.9.06

Há perigo de guerra com o Irão

Deputado socialista no Parlamento Europeu desde Julho de 1999, Paulo Casaca interessa-se há muito pelas questões do Médio Oriente, com destaque para o Irão. Mantém contactos regulares com represen-tantes da oposição a Teerão e é co-Presidente e fundador do Grupo de Amigos por um Irão Livre. Olha com preocupação para o futuro da actual crise nas relações do Ocidente com o Irão, que insiste no seu programa nuclear o que, teme o Ocidente, pode significar a aquisição da bomba atómica.

Partilha a percepção de que o regime iraniano é uma ameaça para o Ocidente?
O regime iraniano é, efectivamente, uma ameaça para todos os que acreditam num conjunto de valores fundamentais que são normalmente designados como fazendo a essência do chamado mundo ocidental. O Irão é bastante mais avançado do que os países árabes; esse avanço reflecte-se em tudo e também no próprio clero. O Irão não é o Afeganistão. Sempre teve uma agenda de reconstrução do califado, com um afrontamento total com o Ocidente. Nos últimos anos, essa ameaça tornou-se mais óbvia por várias razões. A fundamental foi o conjunto de erros brutais cometidos pela diplomacia ocidental, tanto americana como europeia.
E a opção actual do Ocidente, está correcta ou continua a não entender o Irão?
O Ocidente ainda não mudou. Todos os dias, leio na imprensa que o alto representante da UE para a Política Externa, Javier Solana, vai ter uma nova iniciativa diplomática, ou vai fazer mais qualquer coisa. Quase há cinco anos que temos este romance a desenrolar-se. Os seus protagonistas vão mudando. Antes do Solana, já tivemos Benita Ferrero-Waldner e Chris Patten. Tive diálogos com o comissário europeu Chris Patten, quando apareceram os primeiros relatos, vindos dos Mujahedin do Povo, de que o Irão estava a desenvolver um programa nuclear, em que ele disse que era tudo inventado. Acho que têm uma diplomacia totalmente errada, com a lógica de que, se não é a diplomacia, é a guerra. O que acho é que é a má diplomacia que faz a guerra. E esta má diplomacia está a contribuir para que venhamos, mesmo, a ter uma guerra. Ora, a alternativa à má diplomacia... é a boa diplomacia.
Há o perigo de uma guerra?
Acho que sim. Essa guerra será tanto mais mortífera e de resultados mais incertos quanto mais continuarmos a alimentar aquele crocodilo - para usar a imagem do Churchill.
O recente conflito no Líbano forneceu trunfos importantes ao Irão?
Imensos. Embora penso que eles exageraram os trunfos; estiveram à espera desta batalha para ver o que iam dizer ao Ocidente. Sentiram-se tão fortes que acharam que nem precisavam de ceder o que quer que fosse, por pensarem que "eles não usam atacar-nos". Vamos a ver se se enganam ou não. Com os americanos são capazes de se enganar...
Nesta apreciação, estamos a falar apenas da liderança iraniana ou também da sociedade do Irão? Até que ponto a posição dos dirigentes é apoiada a nível popular?
Estamos a falar da liderança. O principal erro, que vem de longe, foi o Ocidente nunca ter sabido jogar com a sociedade iraniana. Conseguiu criar as condições para que a ala mais militante armada e a oposição mais a sério fosse catalogada como terrorista, o que, de todos os pontos de vista, é inconcebível. Mas, não foi só com eles. Se olharmos para o plano interno, o Ocidente torpedeou os reformistas. Criou uma situação em que só os burros e os parvos é que fazem cedências ao Ocidente porque nada lucram com isso. O que rende é insultar, negar o Holocausto ou fazer o que se fez em Beirute e em Bagdad. Aqui há alguns meses atrás, os argumentos no Ocidente eram de que se devia dar mais oportunidades ao Irão, que era necessário mais diálogo e mais diplomacia. Mas, nos últimos tempos, o argumento já é outro. Agora, eles são muito fortes, são uma potência regional. O que é preciso é compreendermos que há uma linguagem que eles entendem: a linguagem da firmeza. Os dirigentes iranianos já provaram, em várias circunstâncias, que entendem a linguagem da firmeza.
E, agora, quais são os passos possíveis?
Primeiro, apoiar a oposição. Depois, conter o Irão em todo o lado. Em Beirute, em Bagdad, mas também no Ocidente. Tem havido notícias de financiamento do Irão à extrema-direita europeia. E o Irão faz muito mais: está, activamente, a influenciar, a desestabilizar a sociedade europeia. Não se devia permitir uma coisa dessas; devia-se lidar com o Irão como um adversário.
entrevista de Fernando de Sousa, Estrasburgo, in DN

5 Comments:

At 13:47, Blogger Diogo said...

Esse «conjunto de valores fundamentais que são normalmente designados como fazendo a essência do chamado mundo ocidental» de que fala o Casaca, passa pela invasão, destruição e genocídio de países ricos em petróleo com o pretexto de «existência de armas de destruição maciça»?

 
At 16:14, Anonymous Anónimo said...

Continua a haver no Ocidente idiotas como o do Post anterior que funcionam com as quinta-colunas dos Nazis antes da Guerra 39-45.

 
At 23:20, Anonymous Anónimo said...

Continua a haver no Ocidente idiotas (o Anonymous) do Post anterior que funcionam com as quinta-colunas dos Boches antes da Guerra 14-18.

 
At 23:22, Anonymous Anónimo said...

Continua a haver no Ocidente idiotas (o primeiro Anonymous) que funcionam como as quinta-colunas do reich antes da Guerra dos trinta anos.

 
At 21:44, Anonymous Anónimo said...

Continua a haver idiotas, outrossim o Presidente Iraniano nunca teria nascido.

 

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