Um marxista fala sobre o fundamentalismo

Deveria ter sido o Daniel Oliveira a recomendar. Como não o fez sugiro a leitura da entrevista concedida por Gilbert Achcar, de origem libanesa e radicado em França, dirigente da IV Internacional, colaborador do Le Monde Diplomatique e professor de Ciências Políticas na Universidade de Paris-VIII.
Alguns destaques:
«Em primeiro lugar eu não consideraria o fundamentalismo islâmico anti-imperialista. Anti-imperialismo é uma definição que eu reservo às forças que pensam nestes termos. Os fundamentalistas islâmicos, no entanto, se nos referimos aos matizes mais radicais, os tipos como Bin Laden, Zarqawi e os outros, não raciocinam nestes termos.
Eles afirmam estar combatendo os cruzados e os judeus, usando um tipo de vocabulário que revela uma concepção profundamente racista e fanaticamente religiosa do mundo. E apesar de estarem combatendo o principal opressor dos povos naquela parte do mundo, eles são ao mesmo tempo, especialmente no que diz respeito a seus programas e à sua visão social, um tipo muito reacionário de corrente.
(...) É óbvio que não podemos colocar este tipo de fundamentalismo fanático na mesma categoria do Hamas ou do Hezbollah ou de outra destas organizações com base de massas real. Estas organizações estão realmente dirigindo a luta de massas de seus próprios partidários sociais e religiosos contra o principal opressor estrangeiro, apesar de suas visões sociais e políticas reacionárias que são uma calamidade para os verdadeiro interesses de longo prazo das massas.»