Ocidentais fanáticos de Alá.
A quinta coluna
Foram baptizados como «os terroristas islâmicos de olhos azuis». São a mais recente criação de Osama bin Laden. Uma quinta coluna de convertidos que aspiram ao extremo sacrifício da vida para aniquilar o Ocidente. Um Ocidente que renegaram para abraçar a causa da Umma, a nação islâmica. Para os 007 ocidentais é uma tarefa árdua, porque são difíceis de encontrar. Estão totalmente mimetizados no ambiente natural a que pertencem. São semelhantes em tudo e para tudo aos seus vizinhos, excepto naquilo que escondem na alma e na mente.
Consciente da sua incrível potencialidade destrutiva, bin Laden promoveu para os mais altos cargos directivos da al-Qaeda uma série de ocidentais fanáticos de Alá. Depois de ter privatizado o terrorismo islâmico graças à sua enorme fortuna, de o ter globalizado seguindo a lógica e utilizando os instrumentos da modernidade, o sheik do terror quer ir mais além no desafio ao Ocidente e decidiu combatê-lo no seu próprio seio com os seus próprios cidadãos.
O cenário que se prevê é inquietante. Uma espécie de suicídio colectivo promovido por aqueles que fizeram da fé e do martírio a sua única razão de viver. Face a isto, o 11 de Setembro pode ficar reduzido a uma trágica recordação, um acontecimento excepcional e irrepetível. Das cinzas das Torres Gémeas nasceu a determinação, por parte superpotência mundial, de decapitar o monstro.
Como uma hidra, capaz de se regenerar, a al-Qaeda multiplicou as suas próprias células pelos quatro pontos cardeais da Terra. Incluindo o rico e odiado Ocidente. E acabou por dotar-se, por opção ou por obrigação, de uma mentalidade e de uma praxis ocidentais, com um profundo sentido do pragmatismo e do oportunismo.
Se até há pouco tempo, o convertido só desempenhava missões de natureza logística, hoje encontramo-lo no topo espiritual e político da comunidade, cujos muçulmanos são autóctones. Actualmente, desempenham um importante papel na mais temível central do terrorismo internacional.
São duas as personagens responsáveis por esta sensacional e desconcertante pirueta. O primeiro é Asif Mohamed Hanif, um jovem britânico de apenas 21 anos, originário do Paquistão. Vivia há muitos anos em Derby, no norte de Londres. Era um simples estudante, mas no dia 30 de Abril de 2003 fez-se explodir no café Tel Aviv, ocasionando três mortos. Tornou-se no primeiro kamikaze islâmico com cidadania europeia. Só depois da sua morte se descobriu que, durante a temporada que estudou na Síria, Asif tinha sido recrutado pelo Hamas, a central de terror palestiniana que reivindicou a maioria dos atentados suicidas contra os israelitas.
A segunda personagem é Antoine Robert, um francês de trinta anos. Tinha-se convertido ao Islão em 1989. Como acontece frequentemente com os convertidos casou-se com uma muçulmana, chamada Fátima. Em 1996 mudou-se para Tânger (Marrocos), cidade natal da sua mulher. Oficialmente, trabalhava na compra e venda de automóveis. Depois de ter estado uma temporada no Afeganistão, num campo de guerrilha da al-Qaeda, foi coroado emir, isto é, guia religioso e político das células islâmicas da Salafiya Yihadiya de Tânger. Tratava-se da mais perigosa sigla do terrorismo islâmico, que conjuga a intransigência dogmática dos fundamentalistas salafistas com a feroz crueldade dos jihadistas, os paladinos da guerra santa. Depois dos sangrentos e múltiplos atentados de 16 de Maio do ano passado em Casablanca, que custaram a vida a 45 pessoas, as investigações assinalaram-no como a mente e o organizador deste bárbaro atentado. Se o processo, actualmente em curso, confirmar as acusações, Antoine Robert seria o primeiro convertido europeu a ter ordenado e executado uma matança em terra islâmica, cujas vítimas foram maioritariamente turistas ocidentais e cidadãos hebreus.
Segundo o especialista francês em luta antiterrorista, citado pelo semanário saudita Al Majalla, a tradição dos convertidos ocidentais na retaguarda e vanguarda da al-Qaeda realiza-se em quatro fases:
- Numa primeira fase, aos convertidos são confiadas missões auxiliares no âmbito da logística. Tinham de ajudar, de várias maneiras, as células adormecidas da al-Qaeda, cooperando na recolha de documentos falsos e de dinheiro ou, inclusive, assegurando a hospitalidade dos militantes em fuga;
- Num segundo momento, os convertidos passaram a fazer parte dos núcleos de combatente. Dezenas deles começaram a chegar ao Afeganistão, frequentandoos campos de doutrinamento ideológico e de treino da guerrilha de bin Laden;
- A terceira fase levou os convertidos a desempenhar operações especiais no âmbito da guerra total desencadeada através de atentados terroristas. Neste caso, podemos citar os casos de José Padilla, o americano de origem porto-riquenha, detido no aeroporto de Chicago, a 8 de Maio de 2002, acusado de preparar um atentado terrorista com uma bomba suja radioactiva. Ou o caso de Richard Reid, o britânico de origem jamaicana, detido em Bóston, a 22 de Dezembro de 2001, após ter tentado explodir o avião da American Airlines com uma bomba escondida na sola dos sapatos.
- Na quarta fase, os convertidos alcançam o nível de líderes espirituais e políticos da comunidade muçulmana, como é o caso de Robert.
Paradoxo da História, exactamente quando decorre o debate sobre a exaltação das raízes cristãs e da identidade europeia, o Velho Continente transformou-se numa nova Meca do radicalismo islâmico. «Deus ama-nos porque a Europa está nas nossas mãos», afirma o militante tunisino Lased bin Heni ao seu compatriota Essid Sami bin Jemais, antes de este ser detido em Milão, em 2001.
O islamismo serve para superar a crise de identidade dos jovens muçulmanos que não conseguem aderir ao sistema de valores vigente no Ocidente. É o caso de Mohamed Atta, Marwan al-Shehhi e Ziad Jarrah, os pilotos kamikazes do 11 de Setembro. Três estudantes exemplares, laicos, inteligentes, convertidos ao radicalismo islâmico e à fé no martírio, em Hamburgo. Anos após o mais clamoroso atentado terrorista da História, o Ocidente está a descobrir que os problemas de fundo estão no seu seio.
Fonte: El Mundo - via Islamización de Europa "EURABIA"
Adenda: Realiza-se este Domingo o 10º Encontro de Recém-Convertidos/Revertidos, promovido por CARR-C/R (Comissão de Apoio Religioso a Recém-Convertidos/Revertidos).
2 Comments:
Artes do diabo ?
Dá que pensar !
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