Observatório da Jihad


17.4.06

Dedicados ao martírio

O Irão tem pelo menos 40 mil bombistas suicidas treinados e prontos para atacar alvos ocidentais no caso de os EUA bombardearem instalações nucleares, garantem fontes credíveis. Só nos últimos dias 200 voluntários preencheram um formulário de inscrição no qual até podem declarar a sua preferência de alvos.

“Devido às recentes ameaças, estamos desde sexta-feira a registar um número crescente de voluntários”, garantiu Mohammad Ali Samadi, porta-voz do Comité para a Celebração dos Mártires da Campanha Islâmica Global.Cantando ‘Morte à América’ e ‘A energia nuclear é um direito nosso’, dezenas de jovens acorreram no fim-de-semana à antiga embaixada dos EUA em Teerão para formalizar a candidatura a mártires do Islão. Na folha de inscrição os candidatos podiam declarar se preferiam alvos americanos no Iraque ou alvos israelitas. Um dos candidatos a suicida, Ali, de 25 anos, falou a um jornalista da Reuters depois da inscrição. Mascarado, afirmou que não queria revelar o rosto “para não ser reconhecido quando viajar para o estrangeiro para atacar alvos americanos e britânicos”. Samadi afirma que a sua organização não está ligada ao governo e é “a única dedicada ao martírio” existente no país. Mas esta versão é contestada por Alireza Jafarzadeh, do Conselho Nacional de Resistência do Irão, que assegura existir um grupo especial de 40 mil Guardas Revolucionários dedicado ao martírio. Esta ala suicida foi, aliás, vista pela primeira vez no mês passado, num desfile militar em Teerão. Esta força especial tem a lição bem estudada, pois, segundo o perito do centro de estudos estratégicos dos Guardas Revolucionários Hassan Abbassi, há 29 alvos ocidentais identificados, alguns deles na fronteira com o Iraque. Segundo o jornal ‘The Sunday Times’ Jafarzadeh afirmou ainda que os Guardas Revolucionários, além do recrutamento e treino de suicidas, estão também encarregados de um programa secreto de armas nucleares destinado a iludir a Agência Internacional de Energia Atómica.
ALERTA DE RAFSANJANI
Depois dos últimos sinais de que os EUA preparam um ataque, o antigo presidente iraniano Hashemi Rafsanjani alertou ontem que qualquer acção militar dos EUA no Irão lançará a região na instabilidade e não trará benefícios aos norte-americanos. “Não será apenas a República Islâmica a sair prejudicada, mas toda a região, toda a gente”, afirmou Rafsanjani.
INSTALAÇÕES REFORÇADAS
Imagens de satélite revelam que o Irão alargou as suas instalações nucleares em Isfahan e reforçou a protecção contra bombardeamentos na fábrica subterrânea de enriquecimento de urânio em Natanz. Quem o afirma é o Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional (ISIS), organismo independente dos EUA que enviou para os órgãos de Comunicação Social as fotografias de satélite que revelam as alegadas evoluções. Uma série documenta a evolução das obras em Natanz entre 2002 e Janeiro de 2006 e, segundo o ISIS, pode ver-se o reforço das paredes de protecção das instalações, que agora estão sepultadas a mais de oito metros sob o solo. Os EUA até ao momento não admitiram publicamente a existência de um plano de ataque ao Irão, mas inúmeras fontes garantem que o presidente George W. Bush quer agir antes do fim do seu segundo mandato. A revista ‘New Yorker’, por exemplo, publica este mês uma reportagem na qual se alega que os EUA ponderam utilizar bombas atómicas tácticas para destruir as instalações subterrâneas.
in Correio da Manha